31/12/2007

hoje, 31 de dezembro de 2007


image by Estelle Judah

hoje gravo o que escrevo como se fosse o último dia a respirar.
hoje vou-vos contar:

- vivi por oito anos beira à morte num abandono de ninguém explicar

replecto de silêncio conveniente. o silêncio a esperar de quem é civilizado

e louco ao mesmo tempo - vejam lá...

silenciei.

pelos filhos. pela memória do homem que lhes deu o nome e por mim.

(por mim? mentira e, eu não sei mentir!)

louca? sim. não mais que muita gente sou e medicada e tudo, por isso, controlada.

mas hoje vou deixar de tomar os comprimidos (a pílula prateada. ahaha!)

hoje prometo aqui não voltar a pensar em suicídio só para ficar calada.

que se dane quem para aí me atirou (e foram vários!).

um louco não é parvo, desenganem-se. um louco só olha, muitas vezes, frontalmente, o que os de mais tentam olhar de lado por medo - o branco-medo da cegueira.

image by madalena pestana


hoje, agarrando com força um pedaço da terra que te acolheu, meu Homem, e me acolherá, juro:

este ano, poderá ser o último. poderei ir viver baixo a uma ponte pelo que disser ou o que fizer, mas ninguém, nunca mais me calará!

voltarei a ser a mulher que conheceste e amaste - de sempre a sempre - lembras?

então assim será!




(escrito a pensar apenas, ou quase, em Nuno de Bragança)

18/12/2007

Felicidades!

Imagem de Frederic Larson


Entra uma luz forte no nevoeiro. Dizem-me que é Natal

Não entendo mas sou de acreditar. Vejo as lojas pejadas. Os embrulhos

as crianças ansiosas numa espera de não acabar mais

É Natal. Tem de ser. Ainda lembro – tanto sonho!


Envelheci. O sonho esbate-se com a cor dos cabelos

Não há Menino Jesus pela chaminé a encher o sapatinho de bonecos

(ah, e muito menos Pai Natal! Com metralhadoras made in China)

Nem renas, nem sininhos, nem neve a cair sem estrondo no presépio.


Sempre que vejo esperança em olhar alheio, arrecado-a no meu

à laia de presente roubado, que a Esperança não é coisa de comprar...

Também olho os sem Esperança, a esses passo a minha, acabadinha de roubar

O meu Natal é só troca de Esperança. E haverá melhor coisa para trocar?




Madalena Pestana

PS - este blog entra de férias até para o ano que vem. :)


16/12/2007

o prémio


Este prémio não tem regras porque tenho uma particular simpatia por ovelhas negras. assim, os felizes contemplados são livres para fazerem o que bem entenderem do selo, colocá-lo no vosso sidebar ou enviá-lo para o cesto de reciclagem do Bill Gates. Como sou adepto da Liberdade e avesso a injustiças e regras demasiadamente castradoras, o prémio "este blog é porreiro, pá!", pode ser distribuído a 1. 5. 7. 10. 20. 100 blogs ou de distribuição ilimitada. Assim como a anarquia reina neste texto, podem escrever os vossos livremente. (*.*)


prémio "este blog é porreiro, pá!" Distribuição ilimitada...


    o Adesenhar atribuiu este prémio a vários blogs. Também a mim calhou.

    Aceito com orgulho, é que confesso, sou PORREIRA mesmo.
    Quem também achar que é, passe por lá para ver se não se esgotaram ainda os prémios. :)


    Obrigada
    Adesenhar. ÉS PORREIRO!

    12/12/2007

    chamaram-lhe Poeta...

    image by Reynolds


    chamaram-lhe poeta. não olhou. obviamnte não era com ela.

    ficou-se a pensar na palavra. no conteúdo do que será ser poeta.

    "é ser mais alto" diria a Florbela. para ela era ter pernas mais compridas

    para brincar às escondidas com a vida e com todos os sonhos por viver

    para ela era conseguir saltar no escuro deste lado para o lado mais obscuro

    sem medo e de preferência a rir. não. não era com ela que falavam

    era com a ilusão criada pela rima. pela a métrica às vezes. pela sonoridade




    poeta? poeta é ser feliz sem o saber. e isso ela nunca foi capaz de ser.