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13/04/2009

som do meu silêncio

image by Katia Chausheva


tatuaram nas minhas costas. a chicote brando.

a dor da Natureza a morrer. e eu devia contar

mas não sei as palavras. esqueci-lhes o som. perdi-o no deserto

da cidade

no infinito deserto. pleno de ruídos de gente. ocupada

a ouvir o eco de si própria e nada mais. não. erro! há ainda

outros sons

de que serão? - são os sons de poder.

sons de mandar

silenciar.





não foi obedecer. - não aprendi isso! -

parei. no meio da cidade. apopléctica

atirei-me. eu-pedra. de encontro ao barulho. ensurdecedor!

do deserto real. de tanta gente feito!

estatelei.


foi aí que esqueci o por dizer da Natureza

e... calei-me. de vez!


sem cumprir o que era meu de servir à única Mãe
que nunca me falhou

falar de quê?



conto. apenas. por ser este o meu jeito.

25/03/2009

o medo e a promessa

photo by gabriella paulina on flickr


na noite. na minha. noite lua nova. rodopio medos. emoções esquecidas no tempo de escola

sou eu? eu quem teme. quem treme de um frio que nem mesmo há? sou eu esta agora. a mesma. a de ontem?

que foi que me fiz? onde está força de desfazer muros? com o gesto exacto. verso vendaval?

ah! serão as dores... terá de ser isso. não medo da morte. essa é minha amiga e sabe que a espero

de braços estendidos. de sorriso aberto. sem mãos a tremer.

sim. as dores que tolhem e trazem o medo de que tu não saibas. de que tu não creias.

espera um pouco mais. todas as dores passam e eu corro para ti

corro para cumprir o que sem falar. olhos nos teus olhos. sei que prometi e esperas de mim

21/02/2009

o nada.

picture by Philippus


escrever é abrir uma porta para lado nenhum

quem escreve chega ao nada de si próprio

os que lêem ficam a saber os nadas escondidos

nas palavras


então para que escrever?

porque, para lá do mergulho no vazio

da palavra

abaixo. muito abaixo. corre um rio

by 1bluecanoe

silencioso e frio

e a alma. agora. água congelada. branca

esconde-se da história


e atinge-se o absoluto e ansiado


não fazer parte de nada

dos tempos ou do Tempo.

24/01/2009

the tears that I don´t know how to cry



silêncio é a única palavra que me cerca. em letras por unir.

apaga letra a letra esta espécie de morte. articula-te. comigo

por ti. por mim. pelo som do riso novo que me falta

para escrever o poema que tu és.

18/01/2009

sobre teclas. sem piano.

hand on cold piano

foto de madalena pestana

a mão vazia. não. a mão cheia das letras de um teclado frio de sentires.

não sei falar de nada. não me refiro. as referências partiram com o tempo.

avós. pai. história. país. parentes. amigos. tudo morto.

morta até a memória de mim (isso é o menos!). morta a vida que queria. quando ainda sabia como estender a mão. a uma outra mão. vazia.


envelhecem-me as mãos sobre teclados. mãos musicais se escrevessem palavras de beleza. mas já não fazem nada. nem esperar.

as minhas mãos vazias perderam o condão. condão de encher-se de todo o mundo em volta. transformá-lo. devolvê-lo depois a ti. manipulado. novo. refeito.

a ponto de o dar de presente. como era de costume oferecerem-se flores.


16/01/2009

A culpa é de Mateso. :)


Mateso do a Artemus lá teve a gentileza de me escolher para um prémio. Bondade dela. :)

Ainda um dia me há-de dizer porquê... Muito Obrigada!


Bem isto tem sempre regras. Desta vou tentar cumprir.

- deverá ser atribuido só a mulheres: (que feministas! lol)

- copiar o prémio e colar no seu blog- fazer referência do meu nome e colocar o endereço do meu blog

- presentear seis Mulheres cujos blogs sejam uma inspiração para si

- deixar um comentário nesses blogs para que saibam que ganharam o prémio

- Cantochão

- Bettips

- Fragmentos

- Cidade Sitiada

- Pin Gente

- Era Uma Vez um Girassol

As outras Gentes que desculpem... regras. Bah!



Da primeira parte já escapei.

Vou correr a avisar as outras antes que esqueça.

02/01/2009

jardim verdade




carrego uma história como pedra bíblica. calo-a. endureço para não lhe sucumbir

a história vem sempre, longe ou cedo, à tona da vida. não me cabe a mim decidir quando

não me cabe a mim decidir nada para além da minha forma de viver

condicionada ou não pelos deuses ou os astros, será minha a última palavra

- peso-drama o de ser livre. peso-pluma o de sentir a Liberdade -



WaterLilyPad at extension.iastate.edu.


jardim verdade o que nascerá dos meus lábios cerrados

- água e flores a iluminar dias chuvosos. como o de hoje é -

vale a pela calar. vivendo apenas. vale a pena Ser. calando. em paz.

03/11/2008

o vestido

James Martin Oliver Wardell



as palavras insistem em não me abandonar.

perseguem-me como a terra segue o sol mas sem carência disso

por pura crueldade.


deito-me rio e acordo no Mar

mergulho e ergo-me ao lavar-me delas.

pois se as não sei usar para que me seguem e se colam à pele como um vestido velho?



se ao menos fossem estrelas...

27/09/2008

poema zero

photo by Pascal Renoux

abre-se o dia


desperto com ele. não me abro


fico em mim. com as palavras


sin.co.padas



hoje o dia abre por ti


fico-me pelo silêncio


aceno uma flor


ao sol


penso-te ______________ pão paz e terra


respiro a manhã. sem ti


abre-se o dia



uma flor



que se desfolha


nas mãos ansiosas do tempo


e uma palavra. não escrita



poema zero




parto toda

toda a vi.da______________ ainda a meio

de saber


o que é real do que vivi


22/06/2008

sangrar ou sons de par.tir

image by Robert & Shana Parkeharrison

enxertar
sangrar palavras

ou vidas?

na paisagem fria
há gentes. vazias


nascidas do rictual
de reproduzir

a árvore era una

agora é ramo
morto. hemorragia

coisas de mulher

ou árvore ferida


by dr3wie


seguem os caminhos
que há por sobre a água.

o sangue na terra

árvore repartida

partida

três sons


ár vo re


15/01/2008

corre-me nas veias um rio de Fé!

image by Pierre Langlois


hoje há loucura no tempo.

as águas correm a avisar-me, tão cúmplices que são!


- busca as palavras simples! corre tu como nós e vai buscá-las

conta as histórias difíceis em palavras que as crianças entendam


porque falam as águas de crianças?

perdi as minhas de vista há tanto tempo


- quem te falou de ter? nunca nada foi teu. busca as palavras simples

nada mais te compete no percurso que te cabe na terra, ao tempo que te sobra.


tento entender. palavras. esqueci tantas. de propósito. e nada mais me sai:


- ignorem o Papa, o Vaticano inteiro! rezem ao ar livre sempre, de frente para quem chegar!

não virem as costas a nenhum ser vivo da terra se pensam em Deus e em falar-lhe.

ninguém os ouvirá e receberão em troca os "vendavais" de "quem semeia ventos"

ou seja, o eco das vossas orações tolas, perdidas, viradas para dentro, impartilhadas.


image by Assunta


o meu corpo atira-se para a frente em busca de palavras. já não sei o que digo.

não sei porque é que o digo. não consigo é parar


- amem. sobretudo amem! nos cafés, nas gares, nos jardins. nas ladeiras doridas de subir.

amem pobres e ricos e falem desse amor. gritem o amor até ensurdecer

os pálidos apáticos sonâmbulos seres conformes a regras de esconder verdades

do tamanho do sol com tecidos brancos do tipo gaze ou tule.

vivam o amor. gritem o amor. procriem. rebelem-se. é a vossa hora. não sei mais...


caio na margem

a água benévola do rio refresca a minha febre e, súbito

que paz!

12/12/2007

chamaram-lhe Poeta...

image by Reynolds


chamaram-lhe poeta. não olhou. obviamnte não era com ela.

ficou-se a pensar na palavra. no conteúdo do que será ser poeta.

"é ser mais alto" diria a Florbela. para ela era ter pernas mais compridas

para brincar às escondidas com a vida e com todos os sonhos por viver

para ela era conseguir saltar no escuro deste lado para o lado mais obscuro

sem medo e de preferência a rir. não. não era com ela que falavam

era com a ilusão criada pela rima. pela a métrica às vezes. pela sonoridade




poeta? poeta é ser feliz sem o saber. e isso ela nunca foi capaz de ser.

10/07/2007

as lágrimas

image by paul bedwe


lágrimas nunca soltas alagaram as margens. desaguaram no mar. a alargá-lo. pescadores naufragam em lágrimas de amor.

tinham de ser de amor as lágrimas presas nos olhos queimados. ressequidos. terra árida.

só o amor tem esse poder naquilo que fui-sou. o amor, não a palavra. impeço-me a palavra. lavo-me dela se insistem em dizer-ma. palavra gasta como lençol alheio. não me deito. não durmo em sonhos de outros.

disse-te - meu amor! e morri. a palavra amor morreu do mesmo jeito. ali. assassinada pela verdade de um sentir inigualável por mais anos que a Terra dure e o Homem sobreviva nela.

não é toda a verdade. a palavra morreu no puro instante em que a sussuraste pela primeira vez e acreditei. para sempre. acreditei como os santos acreditam em deus.

santificaste-me em amor.



image by Daniela Nikolova

o meu fantasma desce e sobe rios. diferentes todos. aguarda que o libertem do corpo. esqueceram-se do corpo. como pode isso ser? mas é.

e assim, tu alma eu corpo vamos fazendo a liquidez dos dias. até que numa hora. a certa hora desaguemos num infinito mar. mar dos amantes. o mar do reencontro. o mar de toda a vida por haver.

06/07/2007

hoje.

Angry by ninazdesign

hoje engulo palavras como quem engole vendavais.

lembro a tua raiva impotente contra o fim do teu rio. melhor: a tua raiva contra o desvio que lhe queriam fazer.
os rios correm por ondem querem. tu também. dessa vez não. dessa vez era o mar sem fundo ou o desvio de rota.
com que raiva arrancaste erva da margem! lembro. como se fosse agora. não será?

num grito sem voz que só o olhar traía sorriste a prometer que correrias na direcção mandada. sabia eu bem que não. quem se fez livre não veste a farda da cobardia nunca mais.

voltaste a enterrar a erva para que nada faltasse na terra e... assobiaste.

esvaiste-te de um fôlego só. feliz. disseram.

água-sangue a regar a erva torturada. segues o teu rio subterrâneo bem por baixo do meu.

só por isso aprendi a mergulhar.