26/04/2009

coisas de pó ao Vento

dust, originally uploaded by …Jæja.

da minha experiência de vida. ainda a tentar sintetizar:


há quem se cerque de gentes erradas por razões certas

daí que não escute as pessoas certas por... razões erradas.

25/04/2009

Renovação

a Madonna of the carnation at Wikipedia


ensina o cravo aos teus filhos

como quem conta um segredo

como quem lhes dá o leite


como quem lhes sara o medo

de ser de rir de viver!


ensina o cravo aos teus filhos

faz Portugal renascer



desta sombra deste baço

desta memória cansada

de uma Vitória que foi

grande livre e encarnada

toda cor e felicidade

toda Paz e Alegria

Fé no Futuro

e vergonha de um passado a não esquecer

para que não se repita

não vá Portugal morrer.

24/04/2009

cavalga o Mar!

work by Mehmet Ozgur

vivíamos na Noite. embalados pelo mar. pelo fado e futebol.

com palavras caladas. coladas à garganta. ainda assim, muito antes dessa noite, já há Gente que a Canta!


by darko82


hoje a Noite é a da europa e a de um país morno. manso. lamacento e lunar.

e eu penso com uma raiva já esquecida e agora renovada - ainda há pela frente tanto Mar... tanto Mar!



(24 de Abril de 1974)



20/04/2009

trave sobre a mulher

image by Katia Chausheva

de tanto ouvir falar de crise acabei por escutar.

crise é palavra feminina que cai primeiro que tudo. como uma trave. sobre a mulher.

não serve de muito discutir sobre isso. vi-a. à dita crise. atravessar-me a infância. toda. na adolescência. menos já.

ao homem cabia trabalhar mais ainda. mais que de sol-a-sol (como o meu pai). para lá do sol se por. encontrando o que fazer. rendendo. com muito esforço e imaginação.

à mulher cabia. cabe ainda. ouvir os filhos pedir-lhes por tudo (até por pão) e inventar desculpas para o "não há". mansas umas ou se mansidão é palavra distante. espantá-las com um grito e fazê-las chorar. enquanto choram por causa do grito ou do tabefe a acompanhar. esquecem o que lhes falta. criança é mesmo assim.

- mãe. posso comer pão com manteiga?

- não há manteiga. tens lá margarina que também é boa. é da vaqueiro que é quase igual.

- não é igual. mãe.

- então espera que o teu pai chegue. se ele trouxer dinheiro hoje...vou à mercearia e trago a maldita manteiga. raio da rapariga que é difícil de contentar.


neste caso a história acabou bem. o pai era um trabalhador desenfreado e conseguia não desapontar e a filha. por saber isso. tinha optado por esperar. nunca um pão com manteiga lhe soube tão bem.


obrigada mãe. pelo esforço dorido que é ter de dizer - não há - a um filho/a com fome (e ainda havia pão e a tal vaqueiro...).

por aqui e no Abril de agora. para muita gente já nem vaqueiro há. ou nasceram sem crise. ?


porque hoje mãe. a trave é mais pesada. muito.

as mulheres trabalham como os homens. não só na lida da casa e na costura para amealharem uns tostões e fazer um vestido novo à filha (lá para Maio...).


aqui e agora. depois do tal Abril de cravos todo feito. que só por dentro celebro. os gajos. os cromos dos poderes vários. enchem-se. enfardam. dançam a ronda no pinhal do Rei! *


e as mulheres? as mulheres são as primeiras a ser dispensadas (nova palavra para despedir) por - serem novas e terem de ter aulas. por estarem grávidas. por serem velhas e não se adaptarem ou...simplesmente por lhes terem fechado o posto de trabalho que os próprios abriram. e esta hein?! ou será também simples-mente porque são mulheres?

eu. na crise? - os filhos estão criados - a mim sobra passar da fila da caixa para a baixa (por causa da minha privada depressão) à fila do banco alimentar se me calhar ser DISPENSADA. eu sou Mulher...


o rio da miséria cresce. galga as margens da civilização. como no antigamente. fui eu que disse não há rios iguais?

dedicado a Maria José Batalha Pestana. minha Mãe.








* "Os Vampiros" do já ausente mas sempre Vivo, José Afonso.





13/04/2009

som do meu silêncio

image by Katia Chausheva


tatuaram nas minhas costas. a chicote brando.

a dor da Natureza a morrer. e eu devia contar

mas não sei as palavras. esqueci-lhes o som. perdi-o no deserto

da cidade

no infinito deserto. pleno de ruídos de gente. ocupada

a ouvir o eco de si própria e nada mais. não. erro! há ainda

outros sons

de que serão? - são os sons de poder.

sons de mandar

silenciar.





não foi obedecer. - não aprendi isso! -

parei. no meio da cidade. apopléctica

atirei-me. eu-pedra. de encontro ao barulho. ensurdecedor!

do deserto real. de tanta gente feito!

estatelei.


foi aí que esqueci o por dizer da Natureza

e... calei-me. de vez!


sem cumprir o que era meu de servir à única Mãe
que nunca me falhou

falar de quê?



conto. apenas. por ser este o meu jeito.

11/04/2009

da dificuldade da Síntese e da sua Arte

is it raining inside?
foto de madalena pestana

- Série Fernando Pessoa - I

sem palavras rebuscadas um Poeta único fala de forma inteligível ( e quanto trabalho intelectual gera esta simplicidade. aparente!). depois... depois é só pensar. ele já disse.


A felicidade está fora da felicidade


porque não estou a conseguir escrever, cito

photo by Katia Chausheva

no peso da minha mente estão muitas coisas, entre elas:


É preciso desconfiarmos dos engenheiros, as coisas começam pela máquina de costura e acabam na bomba atómica.

citação de Marcel Pagnol