by Blancoperfecto era tão óbvio que o tempo viria.
o tempo de ser estátua que ninguém quer no meio da praça mas alguém lá colocou em dia menos inspirado.
sentia-se nos gestos. na ausência de ouvir. no facto de ignorar. afinal quem fala com uma estátua a não ser um doido ou um bêbado à noite?
sentia-se. eu sentia. só me faltava a hora. mas ela vem aí, com uma espécie de aviso prévio.
(primeiro quase ceguei. depois parti um dedo - corrijo, parti um dedo porque quase ceguei e não consegui tratá-lo a tempo de não ter de o operar para o curar - . não o curei. dói. me. com o frio que veio de repente. isto é humano. isto é viver de gente. )
mas. uma estátua de dedo partido é ainda mais inestética no meio das plantas novas do jardim..
primeiro há que arranjar lugar para a arrumar. depois... bem depois de encontrada a prateleira aonde não se veja, para que não se sinta nem se oiça (mas ouvir uma estátua? lá está a minha cabeça a fugir para a loucura. Deus me ajude!). há que referir o dedo deformado e a ausência no jardim de uma imprescindível redecoração. afinal é tão necessária uma estátua novinha em folha para substituir aquela!
e assim segue o caminho, um pouco mais lento, de saber como se atira para a reciclagem uma estátua.
convém que não pareça lixo, ainda que o seja. convém um bom pretexto, não que seja preciso, mas parece bem... quem sabe serve o nome maldito ou não de quem lhe deu para a esculpir?
há sempre uma maneira. que neste mundo admirável, sempre bastou querer para conseguir.
quando eu contar o fim verão se a previsão era falta de senso ou... senso a mais e atempado.
em todas as coisas é só ler os sinais e a mudança deles e ... qualquer um é adivinho.
podem acreditar.