09/08/2009

Raul Solnado faz o favor de por Deus a rir. Tu és capaz!

Primeiro o lamento de quem fica muito mais pobre por perder-te.

Hoje e para sempre a coroação, com flores simples, iguais à amizade do povo simples que amaste e que te Ama.

Obrigada Raul Solnado e... até já!
A gente ainda se vai rir com a Graça que Deus tem.

RIP.

A crown for an Actor - by MagdaMontemor
__________________________

sorrow_by_MagdaMontemor

28/05/2009

das distrações


image by Jan Piller

adormecida em belas teias brancas

disfarçadas no encanto dos dias

desse tempo

não viu a peste entrar

tinha rosto. era irmã. como sempre

vazia

Skeletons-in-Chairs-in-Desert-Death-Valley by Michael Howel


preço da confiança?

- bem cedo o diálogo da morte

era tudo o que ouvia


25/05/2009

sem rios

image by Christian Slanec


se todo feito gente

há um mundo que se cala

eu vergo à Natureza. que me fala


21/05/2009

passo a passo

Desert_by_HIIA

queda em maciez de areia fina. que o vento logo empurra para os olhos e os pulmões. o ar rareia.

ninguém em volta. só vozes a esquecer. minutos a esquecer.

as costas doem. terá sido da queda em mar-deserto?


voltar ao barco por ora é impensável.

tem nos ouvidos a voz de morto-vivo do contra-mestre no convés.

- acorda. olha. faz. depressa. temos pressa em ver terra.

ele. que não veria terra nem por baixo dos pés!...

- dêem-lhe a garrafa de rum talvez assim se cale!

pensava o marinheiro em silêncio. em silêncio o gritou vezes sem conta até ser vencido. a vertigem. depois caiu ao mar. ao mar. deserto.

desert_horned_lizards_by_Blepharopsis


onde o oásis para deitar a cabeça a escutar água doce. corrente? e descansar.

será a etapa de hoje. o de hoje passo a dar.

em nenhum outro espaço se atreve a adormecer. por todo o lado há répteis à espera do fim. para atacar ou ocupar lugar até no crânio, do que vêem como carcaça velha.

os répteis são animais de sangue frio - pensa. - há que aquecê-los.

e começa a cantar:

*FIFTEEN MEN ON THE DEAD MAN'S CHEST. YO-HO-HO AND A BOTTLE OF RUM!


* in Ode Marítima - por Álvaro de Campos

19/05/2009

1º passo

"monday-morning-comes-and goes by" -suzi9mm


o murro na mesa não bastou.

romper grilhetas?

nisso feriu os pulsos fracos. de fêmea

que de dor já suportou que baste

- a de parir. sem glórias de ver crias vencer. e outras demais -

estancou. o curso de água

ou deixou ela de o ver escoar no dia a dia.

do rio dos olhos secou-se a liquidez. de tanta poeira ardente nas infinitas e

desertas horas



"Desert Ripples" by Eloren

fechou-os então. para não dormir

alerta. qual gajeiro em mastro real

a quem é permitido só___cegar de tanto sal

sem descansar


sentiu. mesmo sem ver. a náusea da ondulação.

entonteceu.

despenhou-se. no mar.


05/05/2009

perguntem à morte


Artist Jan Piller


perdida num canto

quase. quase morta. num canto. esquecida.

sem rumo. sem eira. sem beira. sem rio a correr-lhe aos pés

só um mar dançante. batendo. definindo covas

picture by pazzodicinema on flickr

abrindo-lhe fendas cirurgicamente

onde só o ar se for leve e são, dará em caber


e tudo se apaga. rocha atormentada. terá de viver ?

tem. ainda tem. o tempo é assim. dá tempos à vida que


ninguém entende.

e porque que é que a Vida, coisa de outros Mundos

se há-de entender?!

26/04/2009

coisas de pó ao Vento

dust, originally uploaded by …Jæja.

da minha experiência de vida. ainda a tentar sintetizar:


há quem se cerque de gentes erradas por razões certas

daí que não escute as pessoas certas por... razões erradas.

25/04/2009

Renovação

a Madonna of the carnation at Wikipedia


ensina o cravo aos teus filhos

como quem conta um segredo

como quem lhes dá o leite


como quem lhes sara o medo

de ser de rir de viver!


ensina o cravo aos teus filhos

faz Portugal renascer



desta sombra deste baço

desta memória cansada

de uma Vitória que foi

grande livre e encarnada

toda cor e felicidade

toda Paz e Alegria

Fé no Futuro

e vergonha de um passado a não esquecer

para que não se repita

não vá Portugal morrer.

24/04/2009

cavalga o Mar!

work by Mehmet Ozgur

vivíamos na Noite. embalados pelo mar. pelo fado e futebol.

com palavras caladas. coladas à garganta. ainda assim, muito antes dessa noite, já há Gente que a Canta!


by darko82


hoje a Noite é a da europa e a de um país morno. manso. lamacento e lunar.

e eu penso com uma raiva já esquecida e agora renovada - ainda há pela frente tanto Mar... tanto Mar!



(24 de Abril de 1974)



20/04/2009

trave sobre a mulher

image by Katia Chausheva

de tanto ouvir falar de crise acabei por escutar.

crise é palavra feminina que cai primeiro que tudo. como uma trave. sobre a mulher.

não serve de muito discutir sobre isso. vi-a. à dita crise. atravessar-me a infância. toda. na adolescência. menos já.

ao homem cabia trabalhar mais ainda. mais que de sol-a-sol (como o meu pai). para lá do sol se por. encontrando o que fazer. rendendo. com muito esforço e imaginação.

à mulher cabia. cabe ainda. ouvir os filhos pedir-lhes por tudo (até por pão) e inventar desculpas para o "não há". mansas umas ou se mansidão é palavra distante. espantá-las com um grito e fazê-las chorar. enquanto choram por causa do grito ou do tabefe a acompanhar. esquecem o que lhes falta. criança é mesmo assim.

- mãe. posso comer pão com manteiga?

- não há manteiga. tens lá margarina que também é boa. é da vaqueiro que é quase igual.

- não é igual. mãe.

- então espera que o teu pai chegue. se ele trouxer dinheiro hoje...vou à mercearia e trago a maldita manteiga. raio da rapariga que é difícil de contentar.


neste caso a história acabou bem. o pai era um trabalhador desenfreado e conseguia não desapontar e a filha. por saber isso. tinha optado por esperar. nunca um pão com manteiga lhe soube tão bem.


obrigada mãe. pelo esforço dorido que é ter de dizer - não há - a um filho/a com fome (e ainda havia pão e a tal vaqueiro...).

por aqui e no Abril de agora. para muita gente já nem vaqueiro há. ou nasceram sem crise. ?


porque hoje mãe. a trave é mais pesada. muito.

as mulheres trabalham como os homens. não só na lida da casa e na costura para amealharem uns tostões e fazer um vestido novo à filha (lá para Maio...).


aqui e agora. depois do tal Abril de cravos todo feito. que só por dentro celebro. os gajos. os cromos dos poderes vários. enchem-se. enfardam. dançam a ronda no pinhal do Rei! *


e as mulheres? as mulheres são as primeiras a ser dispensadas (nova palavra para despedir) por - serem novas e terem de ter aulas. por estarem grávidas. por serem velhas e não se adaptarem ou...simplesmente por lhes terem fechado o posto de trabalho que os próprios abriram. e esta hein?! ou será também simples-mente porque são mulheres?

eu. na crise? - os filhos estão criados - a mim sobra passar da fila da caixa para a baixa (por causa da minha privada depressão) à fila do banco alimentar se me calhar ser DISPENSADA. eu sou Mulher...


o rio da miséria cresce. galga as margens da civilização. como no antigamente. fui eu que disse não há rios iguais?

dedicado a Maria José Batalha Pestana. minha Mãe.








* "Os Vampiros" do já ausente mas sempre Vivo, José Afonso.





13/04/2009

som do meu silêncio

image by Katia Chausheva


tatuaram nas minhas costas. a chicote brando.

a dor da Natureza a morrer. e eu devia contar

mas não sei as palavras. esqueci-lhes o som. perdi-o no deserto

da cidade

no infinito deserto. pleno de ruídos de gente. ocupada

a ouvir o eco de si própria e nada mais. não. erro! há ainda

outros sons

de que serão? - são os sons de poder.

sons de mandar

silenciar.





não foi obedecer. - não aprendi isso! -

parei. no meio da cidade. apopléctica

atirei-me. eu-pedra. de encontro ao barulho. ensurdecedor!

do deserto real. de tanta gente feito!

estatelei.


foi aí que esqueci o por dizer da Natureza

e... calei-me. de vez!


sem cumprir o que era meu de servir à única Mãe
que nunca me falhou

falar de quê?



conto. apenas. por ser este o meu jeito.

11/04/2009

da dificuldade da Síntese e da sua Arte

is it raining inside?
foto de madalena pestana

- Série Fernando Pessoa - I

sem palavras rebuscadas um Poeta único fala de forma inteligível ( e quanto trabalho intelectual gera esta simplicidade. aparente!). depois... depois é só pensar. ele já disse.


A felicidade está fora da felicidade


porque não estou a conseguir escrever, cito

photo by Katia Chausheva

no peso da minha mente estão muitas coisas, entre elas:


É preciso desconfiarmos dos engenheiros, as coisas começam pela máquina de costura e acabam na bomba atómica.

citação de Marcel Pagnol


30/03/2009

o último sorriso

"fragmento" foto de Marco Bragança


em meio ao deserto da vida de agora

quebrada. perdida. pedaço de mim

não espero. não busco os restos que tive

e me davam forma - concha de criança segurar na mão

como coisa boa para guardar de noite. baixo à almofada

a escutar o mar até vir o sono -


não me quero inteira. a inteireza dói e eu cansei de dor.


prefiro-me assim. fragmento informe. bocado de nada

que o vento e as marés tornarão areia de tanto o rolar.


depois sim. depois serei mais um grão que ninguém verá.

Cristo voltará a este deserto e eu, serei do chão que ele pisará

e quem sabe então. pela última vez, num instante breve, sorrirei

feliz!


25/03/2009

o medo e a promessa

photo by gabriella paulina on flickr


na noite. na minha. noite lua nova. rodopio medos. emoções esquecidas no tempo de escola

sou eu? eu quem teme. quem treme de um frio que nem mesmo há? sou eu esta agora. a mesma. a de ontem?

que foi que me fiz? onde está força de desfazer muros? com o gesto exacto. verso vendaval?

ah! serão as dores... terá de ser isso. não medo da morte. essa é minha amiga e sabe que a espero

de braços estendidos. de sorriso aberto. sem mãos a tremer.

sim. as dores que tolhem e trazem o medo de que tu não saibas. de que tu não creias.

espera um pouco mais. todas as dores passam e eu corro para ti

corro para cumprir o que sem falar. olhos nos teus olhos. sei que prometi e esperas de mim

24/02/2009

Até um dia. Obrigada.

pixArmsShallows


todos os rios terminam no mar. este não é diferente. só o percurso é muito alcantilado. demora a lá chegar.

23/02/2009

des - espero

photo by Knut Hoftun Knudsen


que foi que me fizeste?

que peso atiraste nos meus ombros e não sei carregar?

passaram muitas águas. límpidas umas, negras de lama outras

a juntar-se ao rio transparente. que mal lembro. mas fui

antes que me sonhasses. me soubesses

vivi eu pesadelos de matar (e estarei viva?)


___*___

a minha esperança passou a usar o nome que tu tens


o pouco amor de que ainda sou capaz, usa-o também


todo o bem que ainda espero liga-se a ti


como a um cordão de mãe.



que foi que me fizeste?



como queres fazer reviver. dia a dia. o que por pouco


não secou o rio que fui. desde a nascente à foz?



21/02/2009

o nada.

picture by Philippus


escrever é abrir uma porta para lado nenhum

quem escreve chega ao nada de si próprio

os que lêem ficam a saber os nadas escondidos

nas palavras


então para que escrever?

porque, para lá do mergulho no vazio

da palavra

abaixo. muito abaixo. corre um rio

by 1bluecanoe

silencioso e frio

e a alma. agora. água congelada. branca

esconde-se da história


e atinge-se o absoluto e ansiado


não fazer parte de nada

dos tempos ou do Tempo.

mais um que partiu

Lagoa Henriques

deixando-me um beijo frio no rosto.

Obrigada, Mestre.

o Carnaval ainda não acabou?

carnivale (Circos II)



confesso. estou confusa.

desliguei o som do televisor. a minha coluna dói demais para eu ter paciência para anúncios. para cozinhar ainda menos.

esperei o homem da pizza. tinha encomendado uma.

"Bom fim de semana e bom feriado" disse o brasileiro simpático.

fiquei a pensar naquela do feriado. como ando drogada para as dores acabei por ligar a uma colega de emprego.

"É. Terça é feriado. Sempre deram essa ponte, não te lembras?"

deve ter-se rido. eu riria.

não. depois de desligar o telejornal pensei que tinha acabado a farra.

afinal vai continuar o circo.

esperemos que não continuem as dores.

divirtam-se.


17/02/2009

de manhã. e à tarde?

at GlobalPhoto

de manhã nasce o sol e, o civilizado, promete a si mesmo beber água. porque... de manhã nasce o sol.


mas a manhã é cheia de jornais que o deprimem e... ele espera o almoço onde já não parece mal a ninguém tomar um copo ... socialmemte. é claro!


social? se mente? claro que mente. a manhã passou-a na angústia da hora do almoço. até poder dizer para dentro de si e em alta voz- agora já vale! agora eu posso. agora é social!


photo by ZORBA


mas eu vivi com isto. dia e noite. onze anos. só que com um chefe que não se armava em chefe - era um chefe. como poucos. de natureza.

que faço eu ao sargento-lambe-botas que me caiu na rifa?

a esta hora?

bem, a esta hora quero dormir para amanhã conseguir acordar.

boa noite.




16/02/2009

INTERVALO

work by carl gillette


para que tu não descubras

para que tu nunca saibas

para que não te pese

o que eu sou. o que eu sinto

para que tu não te escondas

me fujas ou respondas


encontro o meu casulo

fechada ainda essa porta. que ontem


por distração deixou sair o amor


eu continuo. sem ti.

15/02/2009

carta de Amor? - diz tu.


tudo branco! como neve

tudo frio _______ quando olho em torno da vida

nem o encarnado. ferida _______ avermelha a brancura

o frio é a melhor cura

paraliza_______ mesmo o sangue

estanca a hemorragia

deste amor

a que nem tu _______ dás a carta de alforria

perdida no interdito


escondo o que sei _______ mocho sábio?


ou mulher que morde o lábio

até ponto de sangrar

no desejo desse beijo

que chegou tarde para dar?




" todas as cartas de amor são ridículas/
nã seriam cartas de amor se não fossem, ridículas"


Fernando Pessoa

14/02/2009

o tal "desenho" ou o prometido é devido.

picture by MagdaMontemor


(...)

— "Ó Potestade, disse, sublimada!

Que ameaço divino, ou que segredo

Este clima e este mar nos apresenta,

Que mor cousa parece que tormenta?



Não acabava, quando uma figura

Se nos mostra no ar, robusta e válida,

De disforme e grandíssima estatura,

O rosto carregado, a barba esquálida,

Os olhos encovados, e a postura

Medonha e má, e a cor terrena e pálida,

Cheios de terra e crespos os cabelos,

A boca negra, os dentes amarelos."
...)



e os Portugueses venceram o (medo do) Adamastor.


*Os Lusíadas - Luiz de Camões


é desta raça Portugal e a nossa Gente. de vencer o que desconhece. teme e lhe é maior.


***-***

tal é o meu Amor. em crise. desde sempre.


mas capaz de ganhar. como na lenda

ao imaginário mas temível. medonho feio e invencível


cabo. Adamastor.

12/02/2009

"Bicho, meu lindo Bicho!" Não parece que foi ontem. Foi Hoje.

pink pansy
foto de madalena pestana dedicada a Nuno Bragança

"À descoberta de Nuno Bragança

Nem livro nem página em branco: a vida e a obra do escritor Nuno Bragança, nascido há 80 anos, continuam, ainda, demasiado desconhecidas.
(...) Nuno Bragança era um e vários, memória pessoana (...)" por Sílvia Souto Cunha em Visão - Cultura, Figura. (12 de Fev. de 2oo9 - pág 100)

A este texto, dos melhores que li, pelo que conheço do autor, e mais se aproximou (por não tentar parecer saber o que , de facto, não sabe) e, com o apoio do filho, Manuel Luís de Bragança, "o mais velho dos cinco filhos do autor", urge só uma pequena adenda: o nome dos outros filhos ou "os nossos putos" como ele, Nuno, preferia chamar-lhes: Maria de Bragança, Teresa de Bragança, Marco de Bragança, Leonor de Bragança (os dois últimos, filhos dele e da sua segunda mulher).

___*___

assim, meu Bicho, a lista está completa e, se a noite perdura, ainda ouço a tua gargalhada estridente no ar. o teu Riso. como agora. sempre que sabes porque digo o que digo.



PS. "Isto anda tudo ligado" - tu, citando Tolstoi.

e... ter nascido no dia de Darwin, Homem?

até já.

Magda

28/01/2009

porque nasci assim...

“The Birth of Global Chess”, Boldriaan

para lá da Natureza. sem o Homem. gosto de ouvir um bom solista de sax ou de piano e de aprender. olhando. com um grande jogador de Xadrez.


24/01/2009

the tears that I don´t know how to cry



silêncio é a única palavra que me cerca. em letras por unir.

apaga letra a letra esta espécie de morte. articula-te. comigo

por ti. por mim. pelo som do riso novo que me falta

para escrever o poema que tu és.

21/01/2009

rocha derramada



dureza de rocha


pedra sobre pedra fui acumulando camadas de mim

o que vi. vivi. o que endureceu no passar dos anos


xisto é o que sou. des-faço em planos

cada plano tem diferente sentir. tem data diferente

cada um _____ um nome

nenhum é o meu


o nome que eu tinha perdi-o nas escarpas

rasgou-se com a pele que por lá deixei. a apodrecer





água é que me quero!


solta. dissolvente. nem nova nem velha

viva. como gente


com garras de fera. com uivos de cio

com a pele fremente ao sonho de ti

com o arrepio que antecede o estar

à curta distância

no ponto de ouvir_____ o teu respirar

o coração sobe. como o sol no dia

a boca estrangula o grito_vontade

o grito_alegria_____ que abre com a manhã


os olhos. espantados

onde está a rocha? a dureza. onde?


sou água. sou água. derramo por ti




fotos de Ricardo Costa

18/01/2009

sobre teclas. sem piano.

hand on cold piano

foto de madalena pestana

a mão vazia. não. a mão cheia das letras de um teclado frio de sentires.

não sei falar de nada. não me refiro. as referências partiram com o tempo.

avós. pai. história. país. parentes. amigos. tudo morto.

morta até a memória de mim (isso é o menos!). morta a vida que queria. quando ainda sabia como estender a mão. a uma outra mão. vazia.


envelhecem-me as mãos sobre teclados. mãos musicais se escrevessem palavras de beleza. mas já não fazem nada. nem esperar.

as minhas mãos vazias perderam o condão. condão de encher-se de todo o mundo em volta. transformá-lo. devolvê-lo depois a ti. manipulado. novo. refeito.

a ponto de o dar de presente. como era de costume oferecerem-se flores.


16/01/2009

A culpa é de Mateso. :)


Mateso do a Artemus lá teve a gentileza de me escolher para um prémio. Bondade dela. :)

Ainda um dia me há-de dizer porquê... Muito Obrigada!


Bem isto tem sempre regras. Desta vou tentar cumprir.

- deverá ser atribuido só a mulheres: (que feministas! lol)

- copiar o prémio e colar no seu blog- fazer referência do meu nome e colocar o endereço do meu blog

- presentear seis Mulheres cujos blogs sejam uma inspiração para si

- deixar um comentário nesses blogs para que saibam que ganharam o prémio

- Cantochão

- Bettips

- Fragmentos

- Cidade Sitiada

- Pin Gente

- Era Uma Vez um Girassol

As outras Gentes que desculpem... regras. Bah!



Da primeira parte já escapei.

Vou correr a avisar as outras antes que esqueça.

15/01/2009

corredores de frio

cold hands by yv


estendo. ao tempo. as mãos frias


estão vazios os corredores. de mim

nem ecos de passos dados. só a chuva

que perfura. hoje. a terra toda

em fúria fecundante. se ouve. açoitar o solo

a fazer vida para o futuro. a trazer luz

no verde molhado. nas pedras lavadas

no ar respirável. outra vez


mas reina o silêncio nos corredores

para que caminhar?



ficam estendidas. no tempo. as mãos vazias

frias


na espera de nada. no longe de ti

11/01/2009

tão longe e eu não sei esculpir

image by boocaw

está tão distante a ponte. tão lá longe!

por trás dos nevoeiros dos ventos e dos gelos

assim. os meus anseios. como posso atingi-los?


__________



andei tantos caminhos. subi montanhas

fiz passeios aos astros. esvaziei cascatas

desviei rios dos leitos. como se desmontar a Natureza

fossem grandes feitos __________ que te fizessem reparar

em mim


and I brought you  this amthyst ... from the Moon. :)

foto por madalena pestana



mas a vida. a real. é coisa bem diferente. na parte

que a mim cabe

não sei esculpir palavras__________ de milagre

e nem chego ao ponto__________tão simples!

de te dar a mão

dou-te uma pedra minha. como se fosse jóia

ou obra de arte



depois enrosco o frio no meio do silêncio


e espero a hora__________ insuspeita

de poder encontrar-te

05/01/2009

senhor "Deus dos Exércitos"

image at mjbryan.com


filhos de Abraão _ Isaque e Ismael


"Pesquisadores fizeram um estudo de DNA e comprovaram que judeus e árabes são parentes próximos, como diz a Bíblia. A descoberta significa que todos são originários de uma mesma comunidade ancestral, que viveu no Oriente Médio há 4.000 anos. Isso significa que a genética comprovou o parentesco bem próximo, maior que o existente entre judeus e a maioria das outras populações.


Segundo eles, quatro milênios representam apenas 200 gerações. Esse tempo seria muito curto para mudanças genéticas significativas. Os cientistas envolvidos no estudo também perceberam que, apesar da longa diáspora, as populações judaicas mantiveram intacta a identidade biológica. Eles afirmam que o resultado não apenas está de acordo com a tradição bíblica, como refutam a tese de que as comunidades judaicas atuais consistem principalmente de descendentes de convertidos de outras crenças."


Pois. Há lá pior que guerras fraticidas?


Há. Há simplesmente a Guerra - uma intenção eterna do homem. sobre a Terra.


02/01/2009

jardim verdade




carrego uma história como pedra bíblica. calo-a. endureço para não lhe sucumbir

a história vem sempre, longe ou cedo, à tona da vida. não me cabe a mim decidir quando

não me cabe a mim decidir nada para além da minha forma de viver

condicionada ou não pelos deuses ou os astros, será minha a última palavra

- peso-drama o de ser livre. peso-pluma o de sentir a Liberdade -



WaterLilyPad at extension.iastate.edu.


jardim verdade o que nascerá dos meus lábios cerrados

- água e flores a iluminar dias chuvosos. como o de hoje é -

vale a pela calar. vivendo apenas. vale a pena Ser. calando. em paz.