29/02/2008

vozearia

image by Dave Preston

não descanso. não durmo. nem o som das águas chega aos meus ouvidos. a acalmar

como o ladrar de uma matilha na euforia da caça a vozearia na minha cabeça estala e sobe

vozes de mortos e de vivos agurmentam. dizem de sua razão. todos a têm

a cada um sua razão. não se encontram. não dialogam. falam. tão alto que a cabeça me estoura no escutar

hão-de dizer - é louca se houve vozes. hão-de dizer. já dizem muitas coisas mais

mas esses não importam. não entram na minha cabeça. não são deste meu mundo de vivos e de mortos

sinto-me um receptor de onda curta. não emito. recebo tudo numa amplidão insuportável

saberão que os escuto? não. não podem saber. se soubessem conviriam também quanto os conheço

porque eles não se auscultam entre si e eu nem posso sequer impedir-me isso

tanta voz! tanto eu! tanta dor sem remorso! tanta crueza! tanta intolerância! tanto silêncio em grito (o dos mortos)!

mando calar o meu animal de estimação que ladra a um odor novo ali por perto

não obedece. e de que serviria se são as razões dos vivos e dos mortos que me martelam o cérebro sem cessar?

onde é o interruptor que desliga isto? isto de ser receptor sem poder interferir? onde?

não sei.


5 comentários:

Teresa Durães disse...

também precisava de saber onde está o interruptor

beijos

Gabriela Rocha Martins disse...

onde tu quiseres

porque

o arquitecto da tua obra
és tu

e o projecto de vida
é só teu

não deixes que o violem

.
um beijo ,quemadre

poetaeusou . . . disse...

*
interruptor,
sem voz,
com som,
click . . .
,
conchinhas
*

Madalena disse...

Obrigada pelas visitas quase impensáveis dada a minha pouco educada ausência em todo o lado. Quando a cabeça deixar de me doer visito toda a gente. Prometo. :)

Beijos

K'os disse...

onde dizes bem...
se acaso resposta existisse decerto seria abafada e escondida, pois a muitos tal não interessa.

:)