13/11/2008

onda de rio

wave of river
foto de madalena pestana



dia de nuvens brancas. um rio que se escurece. maré cheia a ondular a água como se vento houvesse.

arredei-me do meio líquido um tempo atrás. sensibiliza demais a fragilidade dos meus nervos

faz-me crer numa paz que não existe. relembra ou cria amores. ondeia. embala a vida

tal qual um barco de madeira leve. só feito para brincar na margem. por crianças.

não posso dar-me ao luxo de brincar. não. porque dói nos joelhos-da-alma cada queda

mas o apelo da água é mais forte. aproximo-me quase até me molhar. cada salpico toca no meu sangue

subitamente soa uma harpa antiga no meu cérebro. cânticos tão esquecidos quanto vivos entoam em redor

e entro enfim na onda a aquecer-me do frio.


com medo ou não de amar eu volto ao rio

13 comentários:

batista disse...

a água: chuva, mar ou rio... ou lágrima! - presentes na tua escrita. a água em ti inscrita. a água que flui das tuas palavras... belas... na maioria das vezes, doridas.

deixo um abraço fraterno.

Teresa Durães disse...

espantosa a maneira como falas sempre da água e o seu apelo.

della-porther disse...

Esse texto está muito interessante.

beijão

della

Anónimo disse...

Sabes bem da água.

Fazia um tempo que cá não vinha.

D.

Mateso disse...

Não é a água matriz do ser? Não é água a vida? Não é a água a dor líquida, o sorriso brilhante?Não somos nós puros rios a correr para o mar...?
Lindo,muito!
Bj.

Madalena disse...

Obrigada.

Peço desculpa. tenho comentado muito pouco. ando virada para os silêncios e, quando é assim, comentar arte alheia torna-se quase impossível.

Isso já me é tão difícil quando estou em fase de comunicação! :)

Boa semana.

Eu vou passando. a visitá-los. não prometo é escrever.

Bjs

Gabriela Rocha Martins disse...

o mar
a onda
e tu

ou

um abraço de água
em ti



.
um beijo

Gabriela Rocha Martins disse...

não te preocupes com os comentários

nós gostamos.TE assim

mesmo



.
um beijo ,quemadre

pin gente disse...

enrosco-me no meio líquido, anormado, acariciado fora de uma pela por uma mão materna. oiço-lhe a voz, terna. é um berço aquático que me leva. uma vaga pacífica e aconchegante. a placente onde todas as cantigas chegam. onde o sangue se troca. onde o tempo passa sem que o saiba. é o meu barco à deriva na lagoa dos sonhos. a luz é muito ténue. o céu não tem ainda nuvens. e eu não tenho ainda medos. ainda não falo. oiço! o espaço torna-se escasso. eu cresço. o barco começa a ser pequeno para a minha viagem. em breve perderei o rio que maternalmente me acolheu.


um beijo
luísa

Madalena disse...

Obrigada Luísa. Lindo!

Beijo.

(isto é no quer dá ser visitada por Poetas. ) :)

Madalena disse...

Obrigada Gabriela. Do meu Gosto por Ti sei que o conheces. Linda gente. Fazem-me FALTA. Sabiam? :)

poetaeusou . . . disse...

*
invocação do rio,
o gotejar das memórias,
,
conchinhas,
deixo,
,
*

Madalena disse...

Obrigada, poeta. bjinhos. :)