30/07/2007

Foi só desejo, Amor! Foi só!

image by Karin Rosenthal

liquefeita em silêncio outra vez. vez após vez. já se tornou um hábito ou forma de viver.

a ti falo de tudo como no outro dia. o do desejo. afinal sempre o fiz. tu não. se eu perguntasse respondias. o mínimo. o possível. mas éramos dois corpos obrigados à separação e vivos ambos. então.

depois silenciávamos e um olhar bastava para cada um entender que se ferira e ferira o outro no mal lidar com o facto de estar ali, mãos dadas e corpos a terem de ser alheios a isso.

os amores têm corpo. não terão só, mas têm - se até o amor de mãe tem colos de anjo...

liquefeita em ausência e em silêncio embrulho-me na areia da margem. queria infiltrar-me nela. desaparecer assim.

falta ainda tempo ao que parece. volto os olhos para o rio. não te vejo espelhado. à minha espera. sei que às vezes te ausentas. nunca soube para onde nem pergunto.

irás chorar num canto o meu próprio desejo, como eu não sei fazer?


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