24/07/2007

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photography of QT Luong


hoje. naquela hora. a hora incerta e certa por adivinhada em antecipação de alvoroço infantil. sem a saber. sem a poder saber. naquela hora. hoje.

hoje como um cheiro forte de terra na mistura de chuva sobre feno a arder em planície argilosa. como um jorro impetuoso de rio descontrolado na queda de um rochedo. como uma mão a subir-me no corpo. invisível

hoje o cio sobreveio.

mordi-o nos lábios entreabertos quase até sangrar (vagamente sorria. sou assim. oriental de espírito. celta de corpo).

engoli o cio na saliva lembrada, ainda húmida a invadir-me a boca. a penetrar-me num orgasmo inventado ao nosso jeito. teve de ser assim naquela pressa toda de conseguir, em minutos, anos de desejar.


photography of QT Luong

- olá

- olá

como se não soubessemos falar como se balbuciássemos. como quem pede água pela primeira vez à mãe numa infância primeira.

e sabemos falar? e queremos isso?

afasto-me. saio para longe num adeus costumeiro. o rio-cio parece calmo agora. parece. as correntes de superfície enganam muito quem não conhece rios e, não há rios iguais.