10/07/2007

as lágrimas

image by paul bedwe


lágrimas nunca soltas alagaram as margens. desaguaram no mar. a alargá-lo. pescadores naufragam em lágrimas de amor.

tinham de ser de amor as lágrimas presas nos olhos queimados. ressequidos. terra árida.

só o amor tem esse poder naquilo que fui-sou. o amor, não a palavra. impeço-me a palavra. lavo-me dela se insistem em dizer-ma. palavra gasta como lençol alheio. não me deito. não durmo em sonhos de outros.

disse-te - meu amor! e morri. a palavra amor morreu do mesmo jeito. ali. assassinada pela verdade de um sentir inigualável por mais anos que a Terra dure e o Homem sobreviva nela.

não é toda a verdade. a palavra morreu no puro instante em que a sussuraste pela primeira vez e acreditei. para sempre. acreditei como os santos acreditam em deus.

santificaste-me em amor.



image by Daniela Nikolova

o meu fantasma desce e sobe rios. diferentes todos. aguarda que o libertem do corpo. esqueceram-se do corpo. como pode isso ser? mas é.

e assim, tu alma eu corpo vamos fazendo a liquidez dos dias. até que numa hora. a certa hora desaguemos num infinito mar. mar dos amantes. o mar do reencontro. o mar de toda a vida por haver.

8 comentários:

Teresa Durães disse...

mar de todas as emoções retidas?

bj

poetaeusou . . . disse...

+
Sublime, o teu post
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LINDA
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O MEU BLOG ESPERA-TE
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JI
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Anónimo disse...

Romany

hoje tive "uma tarde liquída"...
aqui emoção deságua.
entro e saio com emoção desse lugar.
obrigado


bru

mixtu disse...

e esse mar que encontra tanta cousa, rios, sentimentos, amor...
o mar e a sua sequência de ondas, 7...
o reencontro...

abrazo europeu

Unknown disse...

Quando te li... pareceu-me conhecer-te há muito.
Li um "caminho" percorrido... ao som do sussurro de águas que corriam e do piar de aves...
Excelente este teu "caminhar" até ao "mar"...

Madalena disse...

Teresa, poetaeusou, bru, muito obrigado.

Pela visita pelas palavras deixadas para não me sentir eco de mim. :)

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Mixtu, que ainda não conheço. daqui a pouco passo a ver de si. Obrigada também.

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Daniel, rios são caminhos de barcos ou de peixes mas, são caminhos sim. levam ao mar. que mar? ah, tanto mar!
Obrigado.

Beijo.

mitro disse...

Não é de leitura rápida o seu blog...

"disse-te - meu amor! e morri. a palara amor morreu do mesmo jeito. ali. assassinada pela verdade de um sentir inigualável por mais anos que a Terra dure e o Homem sobreviva nela."

Há coisas profundas aqui.

Madalena disse...

Mitro, é de leitura tão fácil como a leitura dpo viver.

Obrigado. :)