enrolo-me na manta do silêncio. sabe bem recordar. dias de chuva ou seca. brincadeira de ar livre. brincadeira sim, que os pobres também brincam. brincam por vezes mais, com imaginação. fazem barcos à vela com os lenços das mães para navegar nas poças de chuva. rios de chuva a correr para o mar.
onde nos desencontrámos nessa idade? nascemos em datas erradas. errados tempos. até os tempos jogaram contra nós. mas não o tempo. esse acabou por juntar-nos.
tarde? cedo? a tempo ainda de viver a dor.
é agora o silêncio o que mais fala.
vivemos de silêncios por dever de vida. assim continuamos rio adentro, correndo para a morte.
e no entanto oiço tão nítida em mim a tua voz. és uma luz audível. colorida como um lírio do campo em antecipada primavera.
voz de lírio ensinaste-me a luz perdida em desencantos. em carência de amor até chegar o teu.
aconchego ao corpo a manta de água. aconchego-te a mim. água de vida.
8 comentários:
às vezes chego tarde ,mas chego ,e trago.te uma mão cheia de gostos .gosto de ler.te ( e tu sabes )
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fica o beijo enquanto saio pela esquerda funda
Beijo e Obrigada Maria. :)
(é esquerda baixa ou alta lol)
Escreves delicadamente falando contigo. Escreves bem: estarás de bem contigo. Obg pela tua passagem branca!Abç
Passo mais vezes, já olhei o branco antes. Nem sempre escrevo. Coisas minhas, estados de espírito só, mas leio.
Obrigada eu Bettips. Abraço.
Romany
A manta de água e a canção que ouço enquanto leio:combinação perfeita.
lindo o texto.
vou ficar aqui...
beijos
della
Obrigada Della.
A música é linda sim.
Boa noite. :)
corre o sangue no meu peito
corre o sangue perde o norte;
não há sinal nem há jeito
são os prenúncios da morte.
... convenhamos que um pouco sombria esta quadra. Mas rimou... e isso é que é preciso; que as palavras tenham música. Como as tuas.
Obrigada Legível.
Não tem aml o sombrio, ajuda a valorizar quando há luz.
:)
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