05/11/2007

neologismos ou é só educação!



photo by Darlyne A. Murawski


dê lá por onde der (falta de imaginação ou de fortuna) a gente passa a maior parte do tempo útil de vida, onde trabalha. os que nunca pagaram nem pagarão impostos trataram de alongar-nos isso mais. não faz mal. até gosto do onde estou e de alguma da gente que há por lá. afinal já lá vão vinte anos de convivência, nalguns casos de amizade real.

mas isto vem a quê?

vem de um neologismo que aprendi outro dia à saída da consulta da médica (sim, que nós temos essa excelente coisa de não sermos obrigados a ir ao centro de saúde por consulta - ganhamos nós e os patrões, é óbvio).

é certo que na casa se praticam os aumentos tipo função pública, isso eu sabia já. o que ainda não sabia e, constatei, é que quem avaliava a necessidade ou não daquela medicida (que não é a de trabalho) era um técnico alheio à área da saúde. técnico cuja formação eu desconheço. mas lá que é técnico é. e pronto, a vida é assim mesmo. com jeito toda a gente sobe menos eu. não tenho jeito para essas coisas de subir.

já me alonguei demais. é assim em todo o lado. cada um tem o país que permitiu.

o que aprendi foi o verbo melgar.

no fim de várias consultas. a última foi a minha, sai um génio do seu gabinete e interpela a doutora:

"temos de conversar!" assim, sem mais aquelas, qual patrão a ameaçar processo.

os outros colegas a escutar e... eu. é só educação!

que não podia ser, demorar tanto tempo a atender "quem vem para aqui melgar" (sic) "ou se está doente precisa de ir a outro lado" (sic). e outros mimos de polidez e de responsabilidade.

a médica ainda balbuciou se deveria usar uma ampulheta para contar o tempo e despachar pessoal.

ele nem a ouviu. a bilis tinha-lhe subido à verve e melgou a senhora até se cansar.

se ali houvesse alguém cheio de saúde e respeito por si, adoecia só de o ouvir.
mas se a melga era eu, estive tão à beira da ferroada, que só a paciência que a idade me deu e, sobretudo ele estar fora do campo de visão, me impediram de lhe espetar o ferrão na língua mesmo.

deram-me as receitas carimbadas e voltei ao trabalho, mas a pensar.

- será que vamos imitar a função pública em tudo o que ela tem de pior e pôr a conduzir a arte de curar, gente que tudo o que sabe é usar calão e obedecer a his master's voice?

só os próximos capítulos o dirão.

mas pelo sim pelo não quando voltar à médica, levo o dum-dum, o tal que mata que se farta, porque para zumbidos daqueles o Raid casa e plantas já é completamente ineficaz.

image from nyholt

ou o ainda de melhor efeito - zaz!

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