
image byJitka Splitkova
ainda estou presa à terra por raízes profundas que não vejo nem sinto mas, estão lá. é nos sonhos, como o de há pouco, que as encontro. misturam-se. entrançam-se. as mais fortes com as que pareciam quase improváveis para raízes.
são elas que criam as palavras que tumultuam o meu cérebro-tronco-velho de árvore. abro-o pelo meio para o vento as levar. as palaras-gente teimam em agarrar-se à casca endurecida pelos mil ventos que já ouvi soprar.
olho os predadores do rio. são iguais a todos os predadores no olhar de vitória, na impiedade. caçam mais do que comem. deitam as sobras em contentores de realidade transbordantes. como a minha cabeça hoje transborda.
tanto desperdício e crueldade há nos predadores do rio onde me movo como nas palavras que, desarrumadas, me incendeiam o cérebro, de cansaço.
que má repartição a da riqueza, seja ela qual for, há pelo mundo!
tão bem sabias isso, meu amor!
nada de novo por aqui te conto hoje.