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manhã. cedo demais para quem se deitou tarde e não pode ainda trabalhar. manhã. cedo demais. ergui-me com violência de onda, da cama onde dormia.
- a tensão ocular. cuidado!- a consciência a querer falar comigo. a consciência. tonta. devia já conhecer-me melhor.
é só o vento. disse à minha cadela que não estava. hábitos.
é o Vento. disse a mim própria e deitei-me depois de olhar as horas.
dormi o quanto pude. depois disso. dormi ao som do vento. das obras. das crianças do jardim infantil que dá para o meu quarto. dormi?
dormi.
image by Finch Yelliott
a tua mão no meu ombro. a minha mão sobre ela - é quanto lembro - a tua angústia - eu vou sair daqui! ninguém aqui me quer. - a tua angústia tinha som da minha. não era a minha.
- não pode. não pode. e eu? não conto?
- contas. mas é a hora de ir.
caminhávamos. um corredor afunilado. um corredor prisão. havia gente atrás. de ti. de mim só tu.
a minha mão sobre a tua. no meu ombro. começou a aquecer. acordei com dor de queimadura. a mão estava erguida na certa direcção.
fora da roupa. exposta. toquei-a. ardia. como se uma febre a tivesse acometido.
àquela mão. à mão que te tocara.
não voltei a dormir.
o que é que foi verdade neste sonho?
eu.
e a tua mão sobre a minha couraça?