
24/02/2009
Até um dia. Obrigada.

23/02/2009
des - espero
que peso atiraste nos meus ombros e não sei carregar?
passaram muitas águas. límpidas umas, negras de lama outras
a juntar-se ao rio transparente. que mal lembro. mas fui
antes que me sonhasses. me soubesses
vivi eu pesadelos de matar (e estarei viva?)
___*___
a minha esperança passou a usar o nome que tu tens
o pouco amor de que ainda sou capaz, usa-o também
todo o bem que ainda espero liga-se a ti
como a um cordão de mãe.
que foi que me fizeste?
como queres fazer reviver. dia a dia. o que por pouco
não secou o rio que fui. desde a nascente à foz?
21/02/2009
o nada.

escrever é abrir uma porta para lado nenhum
quem escreve chega ao nada de si próprio
os que lêem ficam a saber os nadas escondidos
nas palavras
então para que escrever?
porque, para lá do mergulho no vazio
da palavra
abaixo. muito abaixo. corre um rio

e a alma. agora. água congelada. branca
esconde-se da história
e atinge-se o absoluto e ansiado
não fazer parte de nada
dos tempos ou do Tempo.
o Carnaval ainda não acabou?
confesso. estou confusa.
desliguei o som do televisor. a minha coluna dói demais para eu ter paciência para anúncios. para cozinhar ainda menos.
esperei o homem da pizza. tinha encomendado uma.
"Bom fim de semana e bom feriado" disse o brasileiro simpático.
fiquei a pensar naquela do feriado. como ando drogada para as dores acabei por ligar a uma colega de emprego.
"É. Terça é feriado. Sempre deram essa ponte, não te lembras?"
deve ter-se rido. eu riria.
não. depois de desligar o telejornal pensei que tinha acabado a farra.
afinal vai continuar o circo.
esperemos que não continuem as dores.
divirtam-se.
17/02/2009
de manhã. e à tarde?
de manhã nasce o sol e, o civilizado, promete a si mesmo beber água. porque... de manhã nasce o sol.
mas a manhã é cheia de jornais que o deprimem e... ele espera o almoço onde já não parece mal a ninguém tomar um copo ... socialmemte. é claro!
social? se mente? claro que mente. a manhã passou-a na angústia da hora do almoço. até poder dizer para dentro de si e em alta voz- agora já vale! agora eu posso. agora é social!
mas eu vivi com isto. dia e noite. onze anos. só que com um chefe que não se armava em chefe - era um chefe. como poucos. de natureza.
que faço eu ao sargento-lambe-botas que me caiu na rifa?
a esta hora?bem, a esta hora quero dormir para amanhã conseguir acordar.
boa noite.
16/02/2009
INTERVALO
para que tu não descubras
para que tu nunca saibas
para que não te pese
o que eu sou. o que eu sinto
para que tu não te escondas
me fujas ou respondas
encontro o meu casulo
fechada ainda essa porta. que ontem
por distração deixou sair o amor
eu continuo. sem ti.
15/02/2009
carta de Amor? - diz tu.

nem o encarnado. ferida _______ avermelha a brancura
o frio é a melhor cura
paraliza_______ mesmo o sangue
estanca a hemorragia
deste amor
ou mulher que morde o lábio
até ponto de sangrar
no desejo desse beijo
que chegou tarde para dar?
" todas as cartas de amor são ridículas/
nã seriam cartas de amor se não fossem, ridículas"
Fernando Pessoa
14/02/2009
o tal "desenho" ou o prometido é devido.

— "Ó Potestade, disse, sublimada!
Que ameaço divino, ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?
Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos." ...)
e os Portugueses venceram o (medo do) Adamastor.
*Os Lusíadas - Luiz de Camões
***-***
12/02/2009
"Bicho, meu lindo Bicho!" Não parece que foi ontem. Foi Hoje.
foto de madalena pestana dedicada a Nuno Bragança
"À descoberta de Nuno Bragança
Nem livro nem página em branco: a vida e a obra do escritor Nuno Bragança, nascido há 80 anos, continuam, ainda, demasiado desconhecidas.
(...) Nuno Bragança era um e vários, memória pessoana (...)" por Sílvia Souto Cunha em Visão - Cultura, Figura. (12 de Fev. de 2oo9 - pág 100)
A este texto, dos melhores que li, pelo que conheço do autor, e mais se aproximou (por não tentar parecer saber o que , de facto, não sabe) e, com o apoio do filho, Manuel Luís de Bragança, "o mais velho dos cinco filhos do autor", urge só uma pequena adenda: o nome dos outros filhos ou "os nossos putos" como ele, Nuno, preferia chamar-lhes: Maria de Bragança, Teresa de Bragança, Marco de Bragança, Leonor de Bragança (os dois últimos, filhos dele e da sua segunda mulher).
___*___
assim, meu Bicho, a lista está completa e, se a noite perdura, ainda ouço a tua gargalhada estridente no ar. o teu Riso. como agora. sempre que sabes porque digo o que digo.
PS. "Isto anda tudo ligado" - tu, citando Tolstoi.
e... ter nascido no dia de Darwin, Homem?
até já.
Magda