
a casa intemporal que usei na vida
cobriu-a o verdete do tempo e as trepadeiras sugadoras de sangue verdadeiro
foram-se o tecto e as paredes. fiquei a céu aberto.
de início não me pareceu mau. ainda havia ar
o indispensável ar que revigora o cérebro de quem pensa.
mas pensar é um acto subversivo. mais agora. outra vez.
de início não me pareceu mau. ainda havia ar
o indispensável ar que revigora o cérebro de quem pensa.
mas pensar é um acto subversivo. mais agora. outra vez.
vieram as pessoas-peste. apocalípticas. envenenaram até essa riqueza que sobrara.
não me restou mais nada. só a memória de sonhos alimentava ainda quem eu fora.
não me restou mais nada. só a memória de sonhos alimentava ainda quem eu fora.
sobrevivência.
escrevo a cor das paredes com os olhos da imaginação. visto-as a mar espuma e areia quente. durmo.
ao dormir poupa-se muito ar. escapo assim ao envenenamento e ao inverno frio.
acordo.
abriram uma janela na casa que inventei. entra por lá o sol que eu já nem via. tinha cegado (cegado por vontade de não querer ver mais ?) e a luz reaquece a minha alma. as plantas reverdecem.
agora há sombras apenas onde o sol as quiser.
a casa tem volume. existe. realmente.
aprendo uma nova realidade: a minha casa é o espaço aonde, em paz com o amor e a verdade, me deixarem viver.
segue o curso sinuoso do meu rio.
corro. sei que há rios que me alargam o caudal e é urgente encontrar.
10 comentários:
é imenso o caudal do teu rio onde as palavras//vida se estendem pelas margens - alagando.as em espanto
.
um beijo ,quemadre
Sim, sim... há rios que nos alargam o caudal.
E com esta metáfora, acabas em beleza este belíssimo texto.
Excelente! Coisa que já não me admira.
Abraço.
foi impressionante lêr - este texto - ao som de kitaro.
beijinhos
della
*
non
,
impressionante,
tremi,
mas,
recuperei rápidamente,
porque eu sei ...
que tu sabes . . .
das nascentes dos rios.
os maus,
os bons,
os de margens estreitas
e o que alarga o seu candal,
,
tu sabes qual é,
melhor que ninguem,
,
conchinhas,
em rios lavadas,
,
*
Gabriela, PiresF, Della, Poeta, obrigada.
Cá vou contando os dias, com ansiedade, para voltar a ver até para "lá das sombras que o sol quer". Quando vocês voltarem de férias espero ter boas notícias para dar (para vocês sei que são boas...)
Bjs. :)
de novo a gostar do que escreves. já tinha saudades deste canto. só hoje li a mensagem do outro blog e cheguei aqui
beijos da mana
Olá mana, já sentia a tua falta. Vez em quando passo a ler-te. Comento muito pouca gente para poupar a vista. Mas isto está quase a mudar. Beijos. :)
Belas palavras!!
Obrigada, Aya. :)
"... há rios que me alargam o caudal."
Retive.
Belíssima imagem ...
iv*
(grata pela visita)
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