28/05/2009
25/05/2009
21/05/2009
passo a passo

queda em maciez de areia fina. que o vento logo empurra para os olhos e os pulmões. o ar rareia.
ninguém em volta. só vozes a esquecer. minutos a esquecer.
as costas doem. terá sido da queda em mar-deserto?
ninguém em volta. só vozes a esquecer. minutos a esquecer.
as costas doem. terá sido da queda em mar-deserto?
voltar ao barco por ora é impensável.
tem nos ouvidos a voz de morto-vivo do contra-mestre no convés.
- acorda. olha. faz. depressa. temos pressa em ver terra.
ele. que não veria terra nem por baixo dos pés!...
- dêem-lhe a garrafa de rum talvez assim se cale!
pensava o marinheiro em silêncio. em silêncio o gritou vezes sem conta até ser vencido. a vertigem. depois caiu ao mar. ao mar. deserto.

desert_horned_lizards_by_Blepharopsis
onde o oásis para deitar a cabeça a escutar água doce. corrente? e descansar.
será a etapa de hoje. o de hoje passo a dar.
em nenhum outro espaço se atreve a adormecer. por todo o lado há répteis à espera do fim. para atacar ou ocupar lugar até no crânio, do que vêem como carcaça velha.
será a etapa de hoje. o de hoje passo a dar.
em nenhum outro espaço se atreve a adormecer. por todo o lado há répteis à espera do fim. para atacar ou ocupar lugar até no crânio, do que vêem como carcaça velha.
os répteis são animais de sangue frio - pensa. - há que aquecê-los.
e começa a cantar:
*FIFTEEN MEN ON THE DEAD MAN'S CHEST. YO-HO-HO AND A BOTTLE OF RUM!
* in Ode Marítima - por Álvaro de Campos
19/05/2009
1º passo
"monday-morning-comes-and goes by" -suzi9mm

o murro na mesa não bastou.
romper grilhetas?
nisso feriu os pulsos fracos. de fêmea
que de dor já suportou que baste
- a de parir. sem glórias de ver crias vencer. e outras demais -
estancou. o curso de água
ou deixou ela de o ver escoar no dia a dia.
do rio dos olhos secou-se a liquidez. de tanta poeira ardente nas infinitas e
desertas horas

o murro na mesa não bastou.
romper grilhetas?
nisso feriu os pulsos fracos. de fêmea
que de dor já suportou que baste
- a de parir. sem glórias de ver crias vencer. e outras demais -
estancou. o curso de água
ou deixou ela de o ver escoar no dia a dia.
do rio dos olhos secou-se a liquidez. de tanta poeira ardente nas infinitas e
desertas horas

"Desert Ripples" by Eloren
fechou-os então. para não dormir
alerta. qual gajeiro em mastro real
a quem é permitido só___cegar de tanto sal
sem descansar
sentiu. mesmo sem ver. a náusea da ondulação.
entonteceu.
despenhou-se. no mar.
alerta. qual gajeiro em mastro real
a quem é permitido só___cegar de tanto sal
sem descansar
sentiu. mesmo sem ver. a náusea da ondulação.
entonteceu.
despenhou-se. no mar.
05/05/2009
perguntem à morte

Artist Jan Piller
perdida num canto
quase. quase morta. num canto. esquecida.
sem rumo. sem eira. sem beira. sem rio a correr-lhe aos pés
só um mar dançante. batendo. definindo covas
quase. quase morta. num canto. esquecida.
sem rumo. sem eira. sem beira. sem rio a correr-lhe aos pés
só um mar dançante. batendo. definindo covas

picture by pazzodicinema on flickr
abrindo-lhe fendas cirurgicamente
onde só o ar se for leve e são, dará em caber
e tudo se apaga. rocha atormentada. terá de viver ?
tem. ainda tem. o tempo é assim. dá tempos à vida que
ninguém entende.
e porque que é que a Vida, coisa de outros Mundos
se há-de entender?!
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