
queda em maciez de areia fina. que o vento logo empurra para os olhos e os pulmões. o ar rareia.
ninguém em volta. só vozes a esquecer. minutos a esquecer.
as costas doem. terá sido da queda em mar-deserto?
ninguém em volta. só vozes a esquecer. minutos a esquecer.
as costas doem. terá sido da queda em mar-deserto?
voltar ao barco por ora é impensável.
tem nos ouvidos a voz de morto-vivo do contra-mestre no convés.
- acorda. olha. faz. depressa. temos pressa em ver terra.
ele. que não veria terra nem por baixo dos pés!...
- dêem-lhe a garrafa de rum talvez assim se cale!
pensava o marinheiro em silêncio. em silêncio o gritou vezes sem conta até ser vencido. a vertigem. depois caiu ao mar. ao mar. deserto.

desert_horned_lizards_by_Blepharopsis
onde o oásis para deitar a cabeça a escutar água doce. corrente? e descansar.
será a etapa de hoje. o de hoje passo a dar.
em nenhum outro espaço se atreve a adormecer. por todo o lado há répteis à espera do fim. para atacar ou ocupar lugar até no crânio, do que vêem como carcaça velha.
será a etapa de hoje. o de hoje passo a dar.
em nenhum outro espaço se atreve a adormecer. por todo o lado há répteis à espera do fim. para atacar ou ocupar lugar até no crânio, do que vêem como carcaça velha.
os répteis são animais de sangue frio - pensa. - há que aquecê-los.
e começa a cantar:
*FIFTEEN MEN ON THE DEAD MAN'S CHEST. YO-HO-HO AND A BOTTLE OF RUM!
* in Ode Marítima - por Álvaro de Campos
10 comentários:
Muito bonito este seu espaço.
Parabéns!
Cristina Fernandes
Há que tentar aquecer o coração dos que se sentem sós, dos que rastejam na solidão.
Um abraço, o livro de que falo no meu blog é para mim muito interessante.
um abraço
tulipa
os predadores... sempre à espera da presa...
beijos mana
passo a passo se tece o compasso dum espaço a não perder
como sempre
.
um beijo
uma garrafa de rum...
será talvez o que eu preciso
ou,
não vá a quente bebida gelar
na frieza de mim...
gostei muito de ler, madalena, e sobretudo da primeira fotografia. vou levá-la comigo, com um beijo. bom fim de semana :)
"onde o oásis..."?
enterram-se os passos. e, a boca, já não consegue engolir a sede.
esgotaram-se os rios e as nascentes.
até o sentido da espera e da procura...
talvez o rum... cale a impaciencia que teima em ficar...
talvez... chegue a amanhã ou ao dia seguinte.
(um jeito de ser...)
um beijo
De deserto sei um pouco.
De rum até nem gosto e dou de vontade a parte que me couber na vida ao "contra-mestre". Mas... isso são ainda contas de um rosário do "marinheiro" que ainda sou.
Por quanto tempo? só o de me libertar da náusea acumulada.
A seguir eu, já com os meus rios, prometo voltar.
Obrigada pelas várias leituras e sobretudo pela V. presença.
BFS.
Bjs com carinho. :)
*
cheguei a tempo
de margear o Rio ?
,
conchinhas,
de cuba-livre
com muita melaço - Rum -
,
*
Chegas sempre a tempo, Poeta.
Se eu não te visitar a Non há-de fazê-lo por mim.
Beijinho. :)
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