hoje como um cheiro forte de terra na mistura de chuva sobre feno a arder em planície argilosa. como um jorro impetuoso de rio descontrolado na queda de um rochedo. como uma mão a subir-me no corpo. invisível
mordi-o nos lábios entreabertos quase até sangrar (vagamente sorria. sou assim. oriental de espírito. celta de corpo).
engoli o cio na saliva lembrada, ainda húmida a invadir-me a boca. a penetrar-me num orgasmo inventado ao nosso jeito. teve de ser assim naquela pressa toda de conseguir, em minutos, anos de desejar.

- olá
- olá
como se não soubessemos falar como se balbuciássemos. como quem pede água pela primeira vez à mãe numa infância primeira.
e sabemos falar? e queremos isso?
afasto-me. saio para longe num adeus costumeiro. o rio-cio parece calmo agora. parece. as correntes de superfície enganam muito quem não conhece rios e, não há rios iguais.