-senti a tua falta nessa noite como um deserto frio branco.
- mas tu é que não foste . eu estive lá.
conversa que não houve. deserto com sentido. mas senti-te a falta como se fosses meu e me faltasses. tinha-te olhado os olhos - estavam tristes e eu nem podia perguntar porquê...
vénias de circunstância essas de fingirmos não pensar nos outros. ó deuses que elegante isso é!
e teria de ser a noite toda assim. o olhar desviado. o tropeçar inevitável. os sentidos todos em alerta máximo. e gente. muita gente. gente a mais com mil olhos por cada.
- por isso é que não fui.
- não foi o que disseste...
- e podia eu dizer porquê? e a quem se nem sequer a ti?
- a mim podias mas...
- mas... que se dane tudo! por isso é que não fui. não sou de mas.
pensava isto aconchegada no sofá. a cadela já tinha adormecido. é a minha hora de pensar. e desta vez voltaste. nessa hora. tu e o deserto de não estares ali. ou eu contigo. ou...
deserto branco. frio. porta aberta ao vento que regela.
mas...
hei-de voltar a ver-te. isso aquece-me um pouco enquanto escrevo palavras que nem eu quero entender.
- que tinhas nesse dia? porquê o olhar triste? diz!
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