01/10/2007

- mas...

Image by Rolf Hicker

-senti a tua falta nessa noite como um deserto frio branco.

- mas tu é que não foste . eu estive lá.

conversa que não houve. deserto com sentido. mas senti-te a falta como se fosses meu e me faltasses. tinha-te olhado os olhos - estavam tristes e eu nem podia perguntar porquê...

vénias de circunstância essas de fingirmos não pensar nos outros. ó deuses que elegante isso é!

e teria de ser a noite toda assim. o olhar desviado. o tropeçar inevitável. os sentidos todos em alerta máximo. e gente. muita gente. gente a mais com mil olhos por cada.

- por isso é que não fui.

- não foi o que disseste...

- e podia eu dizer porquê? e a quem se nem sequer a ti?

- a mim podias mas...

- mas... que se dane tudo! por isso é que não fui. não sou de mas.

pensava isto aconchegada no sofá. a cadela já tinha adormecido. é a minha hora de pensar. e desta vez voltaste. nessa hora. tu e o deserto de não estares ali. ou eu contigo. ou...

deserto branco. frio. porta aberta ao vento que regela.

mas...

hei-de voltar a ver-te. isso aquece-me um pouco enquanto escrevo palavras que nem eu quero entender.

- que tinhas nesse dia? porquê o olhar triste? diz!


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