reergo-me.
tem de ser hoje ainda. não há tempo que pare e nada vale o absurdo de o perder.
a caminho do rio, manhã escura ainda, pergunto-me onde foi que me afastei da linguagem que encontro quando saio da água e subo a margem até à voz dos outros. pergunto pelo método de perguntar. não que me interesse já o onde, o quando. sei que é bom que tenha acontecido.
volto de cabeça cansada de os ouvir. que loucos são tão cheios de certezas!
- não há nada de certo além da morte.
grito com as mãos em concha para o leito do rio que me conhece. oiço-lhe o murmurar aquiescente. sabe bem.
ainda que muitos reconheçam no meu grito uma verdade (para alguns parcial), seguem na vida como se o não fosse. estômagos cheios de certezas. ganham diabetes de tanta adocicada certeza para não pegar a vida pelos cornos.
sacudo os cabelos a atirar fora os restos que trouxe da viagem-pesadelo à vida deles. vejo cair o lodo que se lhes prendera. sorrio. aliás hoje já despertara a sorrir, mas vieram mais vozes distorcidas a querer puxar-me lá para trás, para a morte triste. a morte dos sonâmbulos.
dou um salto e mergulho. que bom a água fresca a colar-me ao corpo os trapos que ainda não tirei. porque não se pode falar nú com essa gente. não se pode sequer ser. não se pode. não se. não.
amor, voltei!
4 comentários:
gosto muito dos retornos, são voltas por cima e a alma vem lavada, renovada.fortalecida.
vim aqui esperando encontrar exatamente isso. sabia eu que o teria.
bjs
della-porhter
*
n�o se pode. n�o se. n�o.
,
triste realismo,
porra, para "isto"
*
maresias cristalinas,
*
... desprevenido, ainda cheguei a molhar os sapatos quando aqui entrei. Mas não tem mal, que o dia hoje está de sol aberto e hão-de secar num instante.
Por outro lado, gostei de te ver regressar tão afirmativa e na posse de todos os teus sentidos. Regressos desses, são sempre de aplaudir e... repetir. As vezes que te der na vontade.
óptimo domingo com muitos sorrisos!
Um obrigada a todos pela visita. :)
(Legível, que bom ler-te! :) )
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